Prédios de luxo no ABC paulista têm solo contaminado
Por Nataly Costa
São Paulo - Dois condomínios de luxo entregues recentemente pela construtora Gafisa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, têm o solo e a água contaminados por metais pesados, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Os moradores do Nova Petrópolis Prime Life e do Mansão Imperial, cujos apartamentos são avaliados em R$ 1 milhão, em média, não sabiam de nada até fevereiro - os prédios ficaram prontos, respectivamente, em julho e dezembro do ano passado, e tiveram quase todas as unidades vendidas.
O terreno, entre as Avenidas Pery Ronchetti e Wallace Simonsen, delimitado pelas Ruas Princesa Maria Amélia e Princesa Francisca, no bairro de Nova Petrópolis, é de uma antiga área industrial da Companhia Brasileira de Plástico Monsanto. Lá foram construídas cinco torres de mais de 20 andares cada, divididas em dois condomínios com cerca de 500 apartamentos.
Dois laudos técnicos já foram feitos e um terceiro está em fase de elaboração. Não há ainda um estudo conclusivo sobre os detalhes da contaminação, mas a Cetesb diz que, em princípio, não há risco à saúde dos moradores ou de explosão.
Foi constatado, porém, que a água do lençol freático embaixo da área onde foram construídos os condomínios é considerada imprópria para uso, mas ela jamais foi usada pelos moradores, pois não há poço artesiano em nenhum dos prédios.
Desvalorização
O imbróglio começou em fevereiro, quando os proprietários receberam uma notificação da Cetesb e da Gafisa de que o aviso sobre a contaminação passaria a constar na matrícula do imóvel.
"O problema é a desvalorização. A partir do momento em que consta que ele é contaminado, ficamos com medo do prejuízo", diz o gerente de sistemas Roberto Portela, de 44 anos, morador e síndico do Mansão Imperial. Ninguém no Condomínio Nova Petrópolis Prime Life quis falar sobre o caso.
A Cetesb disse que ficou sabendo da construção dos condomínios em setembro de 2008 e exigiu esclarecimentos da Gafisa. A construtora afirmava que todo o solo contaminado por metais havia sido removido durante as escavações, mas a Cetesb considerou as explicações "insuficientes" e pediu novo estudo da área.
Em maio de 2010 e em fevereiro de 2011, a construtora apresentou então à companhia dois relatórios apontando a contaminação do solo e da água subterrânea por metais.
A Gafisa diz que recebeu "carta branca" da Cetesb em fevereiro deste ano, quando a companhia informou que as medidas adotadas pela construtora eram suficientes "para garantir o uso residencial" e não haveria qualquer risco à saúde dos moradores. Também afirma que só então passou a informar os clientes sobre os questionamentos do órgão e o andamento do processo.
"Muitos moradores entraram com processo judicial contra a Gafisa e nosso advogado entrou com uma representação no Ministério Público", disse o advogado Rodrigo Kawamura, morador do Mansão Imperial.
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Fonte: VEJA
Condomínio em SP está com o solo contaminado por metais
Os prédios ficam em São Bernardo do Campo. A Cetesb - companhia ambiental do estado - a prefeitura do estado, a construtora e os moradores estão se reunindo para discutir o que fazer.
Em São Bernardo do Campo, em São Paulo, milhares de moradores estão preocupados.
Eles descobriram que o terreno onde moram está contaminado por metais. Ainda não se sabe, o que pode acontecer.
A Cetesb, companhia ambiental do estado, a prefeitura do estado, a construtora e os moradores estão se reunindo para discutir o que fazer. Dois condomínios foram construídos sobre um enorme terreno contaminado por dejetos de uma antiga indústria.
As áreas contaminadas podem ser invisíveis para a gente, mas não para os órgãos ambientais, nem para as prefeituras.
“Eu não compraria um imóvel onde o proprietário falasse assim: ‘Olha Silvana, o imóvel está com solo contaminado’. Eu não compraria, e acho que ninguém faria. E hoje o imóvel que eu estou comprando não tem o mesmo valor de mercado. Se eu quisesse vender hoje esse imóvel, vendo por quanto?”, aponta a empresária Silvana Azevedo.
No estado de São Paulo são mais de quatro mil áreas contaminadas, lugares que vão sendo descobertos pela população aos poucos. Em Mauá, na Região Metropolitana, em uma área de 160 mil metros quadrados, onde vivem cerca de cinco mil pessoas, se descobriu em 2000 que todo o terreno estava contaminado com 44 tipos diferentes de gases, entre eles o benzeno, que é cancerígeno.
No ano passado, na capital, foi o conjunto habitacional, construído em um terreno contaminado por gás metano. O Shopping Center Norte, que fica na mesma área, chegou a ser interditado.
Só na cidade de São Paulo são mais de mil áreas contaminadas, outras 95 estão em São Bernardo do Campo.
Em uma das 95 áreas contaminadas em São Bernardo do Campo foram construídos 400 apartamentos com 240 metros quadrados cada um. A contaminação, segundo a Cetesb, é por metais.
“Todo mundo ficou apreensivo porque não tinha a visibilidade do tamanho do problema, qual nível de contaminação, e o que podia trazer de risco à saúde dos moradores”, conta o síndico Ricardo Postela Costa.
“Certamente houve aqui uma transgressão perversa que colocou em risco a segurança das famílias e não apenas da área de condomínio, como de uma área muito mais ampla”, afirma Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável.
A Cetesb, que é a companhia ambiental do estado informou, em nota, que a Gafisa, construtora dos prédios, apresentou um laudo dizendo que o solo que representava riscos havia sido removido durante as obras. Mas isso foi considerado insuficiente e um novo estudo deve ser feito na área.
Ainda de acordo com a Cetesb, a Gafisa já recebeu duas multas, no valor total de mais de R$ 27 mil.
Também em nota, a Gafisa disse que a obra tem todas as licenças e que está questionando as multas aplicadas pela Cetesb. Enquanto isso e, em meio a essa briga, os moradores esperam, sem saber o que fazer.
Fonte: Globo.com